Setor de diálise tem sete transplantados em 2023
“Agora estou começando a viver bem; sei o que é sentar-me à mesa e comer. Agradeço ao setor de diálise do Hospital São João Batista e à família da doadora do rim”.
A declaração acima é do José Cielo, 56 anos, natural da Comunidade Nossa Senhora da Paz, de Veranópolis, e o quarto da família a receber um novo rim.
Cielo relata que a nova vida chegou após sete meses de hemodiálise no HSJB.
- A partir de 20 de março de 2023, minha vida mudou totalmente – conta o ex-paciente que ressalta os sintomas que sentia: fraqueza, desânimo, ansiedade e falta de apetite.
Vanderlei Paz Pinto, 56 anos, que reside em Nova Prata há 3 anos, vindo de Porto Alegre, também retornou ao HSJB para contar a sua história.
Os dois chegaram à hemodiálise por caminhos diferentes: na família de Cielo, o rim policístico é questão genética; Vanderlei é diabético e se submeteu à hemodiálise por 1,6 ano até o transplante no dia 22 de novembro deste ano.
O processo
Ao chegar à diálise do HSJB e demonstrar interesse em ser receptor e tendo condições para o procedimento, o paciente é encaminhado para uma das unidades transplantadoras do Estado onde realizam pré-consultas, exames laboratoriais e de imagem, entrevistas com a equipe multiprofissional: psicóloga, enfermeira e assistente social até, de fato, ser um ativo na lista de transplante renal.
Para acompanhar o processo, cada paciente recebe um código e pode conferir sua situação na lista do Sistema Nacional de Transplante e, enquanto não surge o doador compatível, o paciente retorna à unidade transplantadora a cada dois meses para avaliação das condições de saúde.
Nos dois casos aqui relatados, ambos ocorreram na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
O grande dia
Para José Cielo, o terceiro tão aguardado chamado chegou quando estava na praia.
- Meu filho me levou à Santa Casa e como eu estava apto à cirurgia, fui o escolhido - conta.
A saber: para cada órgão disponibilizado, são chamados dois receptores compatíveis.
Já Vanderlei conta que passou por “poucas e boas” antes do transplante.
- Tive dois infartos, fiquei sete dias na UTI em Montenegro e, estou aqui, contando minha história, menos de 30 dias após meu transplante. Não preciso de muito esforço para demonstrar a diferença de vida - conta com bom humor.
Mesmo assim, ele se considera privilegiado, pois foram apenas duas coletas e uma chamada.
Ambos receberam os rins de doadores do Paraná e é importante esclarecer que a lista de espera é nacional e a de doação também.
Pós-transplante
José ficou internado por 10 dias e precisou retornar à Santa Casa por causa de uma gastrite quando ficou mais 15 dias. Vanderlei esteve na instituição por 8 dias e após alguns dias do transplante já conseguia realizar seus afazeres cotidianos.
Medicação
Os transplantados precisam fazer uso de imunossupressores. No caso do José, inicialmente eram 44 comprimidos/dia. Hoje, são apenas dois.
Sensação de dever cumprido
O médico nefrologista, Charles Wurzel, ressalta que o número de transplantes em 2023 superou a expectativa do setor.
- O quadro de saúde dos pacientes é determinante para o transplante e a responsabilidade para isso é nossa, deles próprios e da família - comenta.
Avaliando as principais causas que levam os pacientes à hemodiálise, o nefrologista cita a doença policística como a mais comum na nossa região.
Para a coordenadora do setor de diálise do HSJB, Silvane Toscan, receber os pacientes transplantados é emocionante.
- São várias sensações. É muito bom fazer a diferença na vida das pessoas. Eu e toda a equipe da diálise nos sentimos parte dos transplantados – complementa.
Hoje, o setor de diálise do HSJB atende a 60 pessoas.
Tudo pelo SUS
Além de destacar a importância da doação de órgãos e os serviços prestados pela equipe de diálise, o Serviço Único de Saúde (SUS) também é ressaltado nestas duas histórias e de tantas outras vividas no Brasil: todo o processo de captação e receptação de órgãos é realizado através do SUS.
Os sete transplantados de 2023, ex-pacientes da diálise do HSJB, são exemplos próximos da importância da doação de órgãos.
José e Vanderlei são unânimes no agradecimento ao setor de diálise do HSJB e a quem lhes proporcionou novas vidas e dizem que, com certeza, fariam o mesmo.
A saber: é preciso estar fazendo hemodiálise para entrar na fila de espera por rins. A exceção é a doação intervivos.